seca Nordeste  assistencialismo

Motivada pelas matérias que tenho feito sobre as enchentes no Norte e a seca no Nordeste, resolvi fazer sse post hoje. Normalmente, não coloco aqui esses “desabafos”, que servem mais como comentários ou análises pessoais mesmo, mas como sei que no jornal não posso ser opinativa assim, escolhi escrever no Política do Bem.
Como disse recentemente, vejo cada vez mais o Brasil como um canteiro de assistencialismo. Exemplo: as famílias de agricultores do Nordeste estão sofrendo prejuízos por conta da estiagem. O governo sabe que todo ano esse fenômeno extremo climático acontece na região. É histórico. Pode não ser tão severo quanto essa seca de agora, mas é recorrente e velho conhecido. Ainda assim, as atitudes só são tomadas quando a população já está miserável. Aí eles injetam dinheiro, mandam carros-pipa, instalam mais cisternas. Aí passa a ser a prioridade do governo federal. Situações assim evidenciam a falta de planejamento e pior, fortalecem os programas de assistencialismo e transferência de renda que já existem. Você só pode ganhar a cisterna se for beneficiário do Bolsa Família. E assim por diante… É uma maneira de controlar votos!
Isso se chama “indústria da seca”. Os políticos locais, bem como o governo federal, se utilizam da água como um prêmio. A água é um direito de todos. Não é moeda de troca. Mas para uma população pobre, sem instrução e precisando de água para sobreviver, qualquer coisa é válida.
Há uma frase sociólogo e ativista dos direitos humanos Betinho que reforça o que eu sinto sobre essa temática: “A luta contra a miséria tem uma dupla dimensão, emergencial e estrutural. A articulação entre essas duas dimensões é complexa e cheia de astúcias. Atuar no emergencial sem considerar o estrutural é contribuir para perpetuar a miséria. Propor o estrutural sem atuar no emergencial é praticar o cinismo de  curto prazo em nome da filantropia de longo prazo.”
Não estou defendendo aqui que o governo federal não deve agir para minimizar os efeitos e impactos da seca, mas é tradição que isso seja feito somente quando o problema está cobrando soluções. Porém, como essa população não tem voz política, alguém que tenha se aproveita e usa isso como gancho para auto promoção. É fácil estar empenhado depois de meses de seca e mais de 700 municípios em situação de emergência. Ainda mais em ano de eleições municipais.
Corrupção

Não precisamos ir muito longe para citar casos. Quem lembra no início do ano? O atual ministro de Integração Nacional repassou mais verbas para Pernambuco, seu reduto eleitoral.

Falta de interesse

Por que não há investimento a longo prazo? Por que o governo federal ainda não entendeu que não existe desenvolvimento sustentável sem olhar para o futuro? É claro, isso não interessa, afinal o mandato é de 4 anos, certo? Porém, pensando na reeleição, vem as promessas.

Quero que entendam que aqui não estou falando de partidos, estou falando do perfil político brasileiro como um todo. É vergonhoso que se atue sempre de forma emergencial. Não adianta falar que AGORA o governo está fazendo obras estruturantes paralelas. O problema é antigo.
Soluções alternativas para lidar melhor com o semiárido brasileiro existem. Mas eles também não querem criar soluções para essas pessoas. Afinal, isso passaria pela educação, que claramente não é prioridade nesse país. Principalmente, no campo. Onde mais eles poderiam usufruir do voto de cabresto – um sistema tradicional de controle de poder público por meio do abuso de autoridade, compra  de votos ou utilização da máquina pública?
Esperança

O meu desabafo aqui é quase uma forma de amenizar a inquietude que tenho em relação a isso. Na verdade, não sei o que fazer para ajudar.

Quero encerrar então com o grande Betinho: “Transformar na fantasia é o primeiro passo para transformar na realidade, é provar que recriar o Brasil é preciso e possível.”
ESSA MATÉRIA RETRATA MUITO BEM, A REALIDADE NORDESTINA , EM ESPECIAL DURANTE OS PERÍODOS DE ESTIAGEM . ESTOU APENAS REALÇANDO  E DANDO ASA  AO COMPANHEIRO QUE A ESCREVEU.

QUERO AQUI RESSALTAR  QUE NA ULTIMA DÉCADA REALMENTE HOUVE 
AVANÇO SIM, E GRAÇA  A ESSES , O POVO NORDESTINO TEM A OPORTUNIDADE  DE SE MOBILIZAR  POLITICAMENTE PARA QUE ESSE QUADRO MUDE.